Nomes-comuns: Torpedo, tremedeira, treme-mão ou tremelga
Algumas espécies de raias têm a capacidade de produzir electricidade
que pode provocar choques violentos, de cerca de 200 volts, durante
ataques às suas presas ou em situações de perigo / auto-defesa. São
conhecidas por tremelgas e são comuns na costa portuguesa,
nomeadamente na costa Mediterrânea.
O aparelho eléctrico destes animais é composto por cerca de 3
milhões de células equiparadas a pequenas pilhas eléctricas
independentes. As descargas são sempre feitas na vertical, sendo o
positivo na parte superior do dorso e o negativo na parte inferior -
o que quer dizer que, para se sentir o choque, terá de se fechar o
circuito, isto é, tocar no animal em pontos diferentes, na parte de
cima e na parte de baixo ao mesmo tempo.
As tremelgas não atingem tamanhos relevantes, não ultrapassando, em
regra, os 60 cm de comprimento. Encontram-se geralmente meio
enterradas na areia ou no lodo de fundos até aos 180 metros, têm um
corpo arredondado, uma pele lisa e nua e cauda curta, sendo muito
raro encontrá-las perto da superfície. São essencialmente
carnívoras, alimentando-se de moluscos, vermes, crustáceos e,
ocasionalmente, de peixes mais pequenos. O pequeno tamanho da boca e
a sua posição na parte inferior do corpo dificulta a captura de
peixes, pois têm necessidade de se colocar por cima das presas para
que as possam comer.
É utilizada para a alimentação humana, e foi usada na medicina pelos
antigos Romanos e Gregos para tratamento de dores musculares devido
às suas propriedades eléctricas. Nos séculos XVIII e XIX usavam o
óleo de fígado de tremelga como combustível para iluminação.
É conhecida em algumas zonas do Algarve por "galinha do mar" porque
as suas barbatanas fazem lembrar asas de galinha, devido ao seu
feitio. Apesar do seu aspecto estranho, a sua carne tem um sabor
delicado e é um excelente peixe para a confecção de caldeiradas.